A arte de fazer castelos na areia

A nossa família, os nossos amigos, os nossos vizinhos, o nosso público, e a maior parte dos habitantes da Terra estão a viver tempos muito desafiantes aos quais só sobreviverão se encontrarem a sua força interior e se guiarem em conjunto rumo a um futuro mais próspero.

O nosso contributo, enquanto artistas, rumo a esse futuro continua a ser levar teatro, música e alegria ao máximo número de pessoas possível. É uma responsabilidade enorme da qual nunca iremos prescindir, pois sabemos o quão frágil é a vida humana quando vivida em desarmonia por um período indeterminado de tempo.


Vídeo promocional do espetáculo Boldie & Cloide

Neste momento específico da história vemos que reina a confusão e a desinformação, levando-nos a reagir apenas, a simplesmente sobreviver, o que acaba por normalizar estados perigosamente contagiantes de medo, desânimo e dormência, que são inimigos da vida, da tão almejada prosperidade e da saúde, claro.

Muitas pessoas encontram-se sem tempo para cuidar das necessidades do corpo, e nós sabemos que quando assim é sobra pouquíssimo tempo para cuidar das necessidades da alma. Porém também sabemos, por experiência própria, que não é aconselhável fingir que a alma não existe, porque é ela quem anima o corpo e que sem ânimo (ou sem alma) é impossível viver plenamente.


Espetáculo Da Cruz One Man Band em itinerância pelas praias, Figueira da Foz, 2020

Foi precisamente o que nos levou a procurar ser “cuidadores de almas” ou seja artistas, pois somos hipersensíveis à dor e não suportamos ver ninguém em sofrimento. O nosso trabalho diário consiste em inventar histórias, músicas, interações, brincadeiras capazes de devolver os sorrisos às pessoas e mantê-las não só funcionais, mas também inspiradas e cheias de vontade de se levantar da cama pela manhã e dar uma nova expressão à sua alma.

Quando devolvemos o sorriso perdido a alguém através dos nossos espetáculos sabemos exatamente qual o alcance desse pequeno gesto e da onda de choque exponencial gerada em seu redor.



Foto promocional do espetáculo Bailinho do Homem-Orquestra

Continuamos a trabalhar diariamente para instalar uma pandemia de boa disposição e contagiar todos com o nosso prazer de fazer arte. Através do nosso trabalho damos a entender que qualquer pessoa pode fazer arte, que qualquer pessoa pode partilhar o que mais a motiva e a gerar um ambiente excecional à sua volta. Pois fazer arte não é muito diferente de passar umas boas horas a construir castelos na areia com os amigos que se acabou de conhecer na praia, para no final do dia verificar que a nossa construção foi levada pela maré, deixando a belíssima memória daquele momento de partilha que perdurará para sempre - com a diferença de que os nossos castelos/espetáculos por vezes demoram seis meses a construir.

Queremos voltar a atuar no espaço público, nas ruas, nas esplanadas, nas feiras, nos montes e nas praias que é onde estão as pessoas, o espaço onde se fabricam as memórias, se soltam as dores e se instalam os sorrisos... 

Queremos continuar a construir castelos de areia na forma de espetáculos e convidamos todos a fazê-lo com as suas próprias mãos ou a juntar-se a nós.


Espetáculo Da Cruz One Man Band no Festival Gesto Orelhudo, Águeda, 2020






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