Voltar ao mundo dos vivos

Pela primeira vez ficámos impossibilitados de partilhar efetivamente o nosso bem mais precioso com as pessoas, a nossa capacidade de animar, ou seja de dar vida através do conhecimento, da criatividade, da arte, da interação com o público. 

A nova realidade obriga a manter grandes distâncias (de segurança) entre os artistas e o público, mas nada impede a partilha de afetos e de energia positiva dos quais todos nos alimentamos.

Apesar da confusão, do medo e do cansaço crescentes, adaptámo-nos e continuámos a produzir alheios ao facto de a nossa agenda ter sido cancelada desde meados de março até meados de julho. Emitimos alguns espetáculos através da nossa sala de ensaios, umas vezes em direto, outras vezes mediante gravações feitas com recursos limitados, um exercício que nos permitiu continuar ativos, ensaiar muito e refinar os espetáculos, mantendo a interação possível através das redes sociais.


Em maio, integrámos a programação digital das salas de espetáculos de Leiria, transmitindo vários espetáculos em diferido, com condições técnicas bem mais favoráveis, mas perante plateias completamente esvaziadas de vida. Apesar da estranheza da situação o resultado final foi muito positivo permitindo-nos ganhar algum "à vontade" frente às câmaras, manter os espetáculos "oleados", chegar a outros públicos e começar a receber alguma receita.

Os meses de maio e junho foram especialmente marcados pela participação no Festival Estado de Excepção, organizado pelo Leirena Teatro, que nos transportou novamente para junto do público, levando-nos a atuar em alguns lares de terceira idade do concelho de Leiria, cujos utentes nos demonstraram estar cheios de vida, independentemente das circunstâncias.


O mês de julho catapultou-nos de volta à estrada, às ruas e aos palcos (Pinhel, Figueira da Foz, Vieira de Leiria e Leiria) e deu-nos um novo alento para continuarmos a nossa missão de levar a arte ao maior número possível de pessoas, sem nunca perder o contacto direto com o público. 

Não sabemos ao certo o que nos reserva o futuro, mas temos a certeza de que vai ter muita música, inovação e partilha, como tem vindo a acontecer desde a criação da companhia em 1995.




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